sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

1...2...3...E...

#19-02
Abriu o portão do quintal! Tudo que ficou, ficou.  O que virá, eu não sei, só sei que to brincando!
A partir do nosso quintal, descobrimos até onde nossos quintais se unem e como as nossas brincadeiras aparecem, nos apropriamos delas e as transformamos num grande carrossel de papel.
Uma entidade se construiu, o Dom Quixote Napoleônico que andava a partir dos meus rasgos e costuras super complexas e coloridas. Fiz uma cirurgia no pé dele, foi aí que percebi o quão fracote era, se machucava fácil, a roupa já se dobrava com um assopro. Ele precisava de uma espada! Mas uma espada não é suficiente contra um calorão brasileiro, meu amigo colocou um leque na ponta da espada pra ele se abanar, ficou boa a engenhoca.

O desafio seguinte era aterrorizante, montar a Cuca. ai que Quebra-Cuca. Quem é ela? Só conheço na forma de crocodilo, (a qual nunca tive medo, por isso era uma vilã sem graça) Mas uma coisa me atraía em sua personalidade: a "marrentisse". Mal percebi e ela estava quase comendo minha mão, Oh sim! Eu estava segurando sua cabeça, ela dizia "Me devolve pro meu corpo seu babaca, você tá me machucando, anda, menino besta" Aí sim, quando ela finalmente chegou no seu corpo (o qual cada amigo segurava uma parte, igual quebra cabeça, a qual eu quase quebrei mesmo), ela se sentiu poderosa, danada, quando o público a elogiava, ficava toda pomposa, ela virou até bailarina. Achei tão engraçada e maneira como ela se sentiu, pela primeira vez, se sentiu bela.

Mas a cuca tinha que ir pra casa, não gosta muito de tanta gente pegando nela. Fomos para outro lugar, passamos por uma chuva de palavras, a cada pa la vra caindo no chão uma coisa nova se transformava, foi assim que paramos numa praia com cara de interior, tipo Praia do Espelho. Mas o por-do-sol chegou rápido na praia, fomos descansar. 

Nasceu um novo dia, um novo sol, e é dia de trabalhar. Seres maquinados em sua rotina que brincam de vazio. De repente eu vi tudo cinza, meu mundo cheirava pó, automático. Ainda bem que o Sol se pôs de novo, deu pra relaxar um pouco. 

Lá no fundo vimos um Trem surgir. Ele nos levou numa viagem até uma pequena cidade em que encontramos algumas Marias muito atenciosas. A cidade era pacata, mas tinha muita coisa pra se explorar. Inventei meu quintal lá dentro, aqueles pedacinhos de papel do Napoleão voltaram, mas sua roupa ficou presa na parede, D. Quixote não queria carregar muito peso. Construí um furacão de água, saindo do fundo do mar. No céu as nuvens se encontravam com o avião e o tornado, que virou, pelos meus amigos, um foguete, aliás, o lançamento de um foguete. Mas tava na hora de brincar no quintal dos meus amigos, lá fomos nós.

1....2....3...E.... JÁ!
Abriu-se o portão e fomos com toda sede de brincar do mundo, os segundos que antecedem uma maratona, a ultrapassagem de carros de fórmula 1 na última volta, a abertura das cortinas no teatro, mergulhar num rio diferente, os segundos que antecedem o lançamento de um foguete.
Meu foguete foi pra outro planeta, várias vezes, e até agora eu me pergunto, porquê? 



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