quarta-feira, 24 de junho de 2015

Você tem medo de escada?

Hoje fazem 14 dias após a estreia e (se não me engano) 25 apresentações, faltando apenas 4 para o fim dessa primeira temporada.

Após a apresentação de hoje parei, sentei, coloquei as mãos no rosto suado de maquiagem olhei pra dentro de mim:

- Não estou bem, tem algo de errado, parece que não saí do lugar, o espetáculo cresceu? O Tom cresceu? Algo cresceu?

Dúvidas e conflitos de um ator que está começando a trilhar um caminho, aprendendo e amadurecendo com os erros e treinando todos os dias pelo menos algum detalhe necessário para que nada saia do lugar.

Mas, com a ajuda da minha amiga Juliana Cordeiro, que faz a personagem Cecília, entendi que o cansaço físico e emocional faz isso com a gente, nos coloca a prova e num paredão enorme  que toca a música "Onde mora o medo?" da nossa outra amiga Karla Izidro.

O cansaço realmente tem sido um desafio, no entanto, sei o tanto que trabalhamos para chegarmos até aqui e o quanto ainda temos que lutar para esse espetáculo crescer cada vez mais. Sei que lá na frente, vamos descobrir um novo brilho, uma nova cor, um novo sol, uma nova nota musical, um novo canto de quem sempre se renova como a primavera, de pessoas que se destinam e se colocam à flor da pele para arriscar suas vidas em função da arte. A arte que reinventa, alimenta, floresce. Ser arte, ser Teatro é a missão mais difícil do mundo e a mais prazerosa, a qual NUNCA devemos (os atores) subestimar, um olhar estranho, um sorriso, uma lágrima de quem pode nos deixar alegres, felizes, com ódio e completamente renovados: o público.

Escrevendo agora, me lembrei de uma coisa que é o sentido de estar aqui, de publicar esse relato e de tornar público os meus sentimentos profundos.
Na primeira apresentação para crianças de uma escola que veio nos prestigiar, uma professora nos perguntou:
- Vocês tem medo de subir nessas escadas?

 (escadas nas quais fazemos diversas acrobacias, inclusive de cabeça pra baixo) eu respondi num tom irônico que SIM, tinha medo

 (mas não, treinamos muitos para fazer isso, estou seguro) e um menininho da plateia, que estava super atento ao espetáculo do início ao fim, com um sorriso iluminado no rosto e em quem me segurei em cena para renovar energias, me respondeu:

- Mas não precisa ter medo, é só subir,

Fiquei sem chão.

Como você pode me dizer uma coisa dessas menino? Porque me desmascarou na frente de toda a sua escola?


Após meu ego ter furado com essa resposta, quando as crianças estavam indo embora, o menino que havia me dado aquela resposta teve algumas dificuldades para levantar e reparei que ele andava com a ajuda de um andador, ele tinha as perninhas todas tortas...
Mais uma vez eu caí, caí nos meus próprios pensamentos mesquinhos, ali, naquela hora, só agradeci aquele menino por ter ido àquela apresentação. Pois através dele, aprendi a dar mais valor no que fazemos, o quanto somos privilegiados por encarnar outras vidas e levar seres tão frágeis como ele para sonhar e acreditar num mundo melhor!

Agora, no final da temporada, percebo a mensagem que ele me deu...

Ter medo pra quê? De quem?

Nós defendemos uma filosofia de vida, defendemos nossa casa, nossa igreja, nossa vida: O Teatro. Nada nos deixará cair. Por isso eu te respondo menino-luz:

- Eu não tenho medo de escada, porque você me levou pra voar ao seu lado.

Com tudo isso, cresci sim, demos mais um passo dessa longa caminhada, no qual o espetáculo ainda terá pela frente mais histórias, mais encontros e emoções. Não resta dúvida de que tudo está aí por algum motivo e as coisas acontecem porque é assim, a vida é bem maluca, mas muita lúcida pra quem consegue entender os mistérios que ela guarda.


Essa música eu gosto bastante, pois me transmite uma renovação.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

O que resulta de um encontro na infância de três grandes nomes da cultura nacional: Tarsila do Amaral, Cecília Meireles e Tom Jobim?





O que resulta de um encontro na infância de três grandes nomes da cultura nacional: Tarsila do Amaral, Cecília Meireles e Tom Jobim?

A Céu Vermelho, em parceria com a Cia. do Abração estreia, no dia 13 de junho, na sede da Cia. do Abração, o seu mais novo espetáculo destinado a crianças de todas as idades HISTÓRIAS BRINCANTES DE MUITOS AMIGOS.

O encontro fictício de Tarsila, Cecília e Tom acontece na infância dos personagens num quintal imaginário. Tarsila quer ser pintora, inspira-se em cores, pinta o mundo e colore a vida. Cecília brinca com as palavras, cria sonhos, junta letras e quer ser poeta. Tom faz música, descobre o mundo através dos sons e seus dedos inventam o mundo.

O que os três têm em comum?

A amizade, a alegria de conviver juntos, num mesmo quintal, numa rua chamada infância, num pedacinho de mundo, onde tudo é verde, amarelo, branco e anil, um lugar chamado Brasil.

“Histórias brincantes de muitos amigos” narra com poesia, harmonia e muita delicadeza, a história ficcional na infância desses três nomes da arte brasileira: Cecília Meirelles, Tarsila do Amaral e Tom Jobim. O texto é de livre inspiração e não apresenta dados históricos e muito menos biográficos.
Passeia pelo que os artistas da Cia. Do Abração chamam de “brincante”: união de linguagens, poesia, artes visuais e música. Ferramentas para construir o teatro para crianças de todas as idades: um teatro completo, mágico e lúdico. Um teatro comprometido com o universo das crianças. Brincar faz parte deste universo, brincadeira é dever das crianças. O dever do teatro também é este, trazer a cena o prazer de ser criança, o encantamento.

O espetáculo quer deixar nas crianças a poesia. Quer trazer a importância do brincar, do inventar, do criar e transformar. Cecília, Tom e Tarsila, foram crianças um dia, tiveram medos, desenharam com giz, tomaram banho de chuva e refresco de uva, machucaram joelhos, se olharam no espelho e foram muito felizes.

Quão enorme a função da arte para crianças, recriando um novo olhar, e através deste espetáculo, quer resgatar essência, provocar os sentidos, desenhar caminhos e criar o gosto pela arte.

É no quintal da infância de três crianças que muitas histórias brincantes acontecem, através das poesias construídas por Cecília, a menina combinadora de palavras, o menino Tom com seus ouvidos abertos para os sons e a Tarsila construidora de formas e cores vibrantes. O quintal que se mistura compõe um grande Brasil de muitos tons e tantas tintas, os três amigos descobrem o que é ser amigo, o valor da amizade e como é difícil crescer sem perder esse quintal.

Assim, Histórias Brincantes é uma história de saudade, num mundo onde as pessoas valorizam cada vez menos o afeto, a verdade e a amizade, estas três almas chamadas Tarsila, Tom e Cecilia brincam num quintal que queremos resgatar. Pintam, bordam, cantam e recordam numa infância que se depender da Cia do Abração, permanece a vida inteira e vai além, deixando pra quem passar por este mundo um quintal florido, cheio de música, poesia, tinta e amor!

A diretora Letícia Guimarães acrescenta que o espetáculo é o 12º texto dirigido à criança produzido pela Céu Vermelho, em parceria com a Cia. Do Abração. Com elenco fixo, o trabalho teatral apresenta uma unidade de linguagem consoante com a filosofia do grupo. “O espetáculo começou a ser concebido no ano passado. Já neste ano, foram discutidos temas e caminhos estéticos. O trabalho de investigação veio através de artistas brasileiros da música, da poesia e das artes plásticas: Tom Jobim, Cecília Meireles e Tarsila do Amaral.

A peça conta ainda com elementos de acrobacia e do teatro de sombras. As músicas foram criadas a partir da própria dramaturgia. Compostas especialmente para o espetáculo por Karla Izidro, que acompanhou os ensaios e o trabalho de criação do espetáculo.

 “As músicas seguem a dramaturgia da peça. Toda trilha é composta para o espetáculo. A música esta junto com o gesto. Penso na música cenicamente. Muitas vezes, assisto o ensaio, chego em casa e a música vem pronta. Acontece dessa forma, por acompanhar todo o processo”, comenta a diretora musical Karla Izidro.

O espetáculo tem o incentivo pela Lei Municipal de Incentivo a Cultura de Curitiba e o Positivo, que tem histórico de apoiar os projetos da Cia do Abração à longa data.

As apresentações acontecem de 13 a 28 de junho, na Sala Simone Pontes, na sede da Cia. do Abração, com apresentações abertas ao público, sábados às 16h e domingos às 11h e às 16h. Apresentação especial no dia 11 de junho, às 20h. Durante a semana haverá apresentações agendadas para escolas. Ingressos a R$ 10 e R$ 5.

Céu Vermelho e Cia. do Abração

O espaço cultural da Cia. do Abração comemora neste ano 14 anos de atividades, junto a Céu Vermelho. A noção “teatro para todas as idades” vem sendo investigada por ambas, com o intuito de promover um teatro sem fronteiras de idades. Propor um estado que seja sensível a compreensão da arte a partir da infância.

Equipe Técnica
Direção: Letícia Guimarães
Dramaturgia: Criação coletiva sob a supervisão de Letícia Guimarães
Cenografia e Iluminação: Blas Torres
Figurinos e Adereços: Guga Cidral
Sonoplastia, composição e direção musical: Karla Izidro
Elenco: Edgard Assumpção, Juliana Cordeiro e Karin Oniesko
Uma realização da Céu Vermelho, em parceria com a Cia. do Abração

Informações e entrevistas:
Isabelle Neri
isabelleneri@gmail.com
(41) 9906-8423

Serviço
Temporada: Temporada de 11 a 28/06 de 2015
Horário: sábados, às 16h e domingos às 11h e às16h.
Local: Sala Simone Pontes, sede da Cia. do Abração. Rua Paulo Ildefonso Assumpção, 725 -  Bacacheri – Curitiba - PR
Ingressos: R$ 10,00 (inteira) e R$ 5,00 (meia).
Duração: 50 minutos
Classificação indicativa: Livre, especialmente recomendada para crianças.

Assessoria de Imprensa:
Isabelle Neri Vicentini

41.9906-8423

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Que mistério é esse?

Quando Tom está no mundo Adulto, sem suas amigas,  percebe que as cores do quintal musical se foram, as notas se foram, a musicalidade da poesia também não se ouve mais e o sabiá se quer aparece para cantar. O Mundo vira de cabeça pra baixo, tudo perde o sentido, a harmonia, as notas destoantes soam sem parar.
Fica a melancolia e a saudade do Brasil. A esperança de habitar novamente um lugar belo, cheio de natureza, ar puro, borboletas voando, e principalmente, o canto dos pássaros.


“De onde vem a canção? As notas musicais?
Como é que pode? Cada uma delas quando se juntam, formam uma sequência de sons que podem emocionar, fazer lembrar de algo bom,
ou algo ruim.
Às vezes prefiro o som do balanço do quintal da minha avó.
Às vezes o som dos pássaros de manhã cedinho…
Mas prefiro aqueles sons que quase nunca escutamos…
Shiiiiiuuuu! Mas não sai gritando por aí, por que esse som é segredo…
Quando as folhas de outono caem das árvores e tocam ao chão,
Quando as formigas afundam os pézinhos na terra
Quando os peixes embaixo d’água nadam sem cessar,
as borboletas batem as asas...
e o vento…
Quando o vento sopra bem forte no peito, e dentro de mim,
Ai…dentro de mim faz um som-zão! Daqueles bem grandes que dá pra chamar de amor.
Mas tem vezes, que a música vai embora...
Pra onde vai a música depois que ela vai abaixando?
Dá vontade de gritar pra ela voltar! Fica! Fica!
Vai aos poucos pra longe...e parece que nao vai voltar. Nunca mais.
E o meu peito fica vazio, como se eu perdesse a voz
Até parece que as cores vão embora junto”
(Texto escrito em Setembro de 2014, antes do início do processo)



Pensamento de Tom:
...Ver a  Asa da borboleta Azul, a mais rara, reverbera dentro de mim uma ansiedade em recordar o meu quintal, a luz do sol entrepassando as folhas das árvores… As brincadeiras de pega-pega, as gargalhadas de rolar na grama…
Eu ainda posso ter tudo isso.

Eu acredito no vôo, a primavera chegará e me levará para voar com os pássaros, para cantar do alto do morro com eles, para elevar-me com todas as flores como um salto lento que desafia a gravidade, meus pés vão tocar o céu e eu toco o infinito com a ponta dos meus dedos.



terça-feira, 26 de maio de 2015

Sobre o ensaio de 26 de maio ou A Primavera de Cecília

Depois de um dia intenso, corrido e de graaaandes detalhes para adiantar nosso cenário, durante a noite o tempo parou.

Ahh como é bom não entender esse tempo e é melhor ainda não sentir o tempo passar!

Hoje eu descobri novas sensações, o canto do Sabiá se tornou real e eu vi e senti no palco flores de cores vibrantes e de odores raros.

É como se a Cecília se abrisse como um girassol dentro de mim, agora nós começamos a nos entender e brincar juntas, nos tornamos amigas e confidentes! Sei que vamos caminhar por muitos anos lado a lado e esse caminho nos trará novas primaveras renovando sensações, reações e relações.

Que venham muitos ensaios,
                        que venha a estreia,
                                     que venha muitos encontros com nossos amigos da plateia.



segunda-feira, 25 de maio de 2015

Primavera em pleno inverno

Olha, depois de anos sofrendo com ataques de rinite, posso falar que nunca fiquei tão ansioso pela chegada da Primavera. A cada dia que passa chegamos mais perto da nossa estreia. E o nervoso toma conta, a gente acha que não vai dar tempo, que tudo vai dar errado, que vamos ficar nesse eterno inverno. Mas é nesses momentos que eu me lembro que o melhor a se fazer, é pensar, e pra mim tudo melhora quando penso na história. 

Saí do último ensaio, cheguei em casa, parei, e comecei a refletir sobre o espetáculo desde sua origem, das primeiras reuniões onde nós colocávamos questionamentos, músicas, poesia e imagens para compor mais um sonho. É engraçado como tudo que foi proposto inicialmente está em cena, como tudo se encaixou de uma maneira quase que mágica. Sempre que terminamos um ensaio, eu fico com uma sessão de euforia, como se estivesse sentindo um arrepio percorrer a minha coluna do cóccix até o atlas, me vem uma sensação de "recompensa". Escutamos muito que somos mal remunerados, em termos monetários, mas, pra mim, não existe valor material que possa exprimir isto que sinto.

 São nesses momentos que todo o cansaço, todo o estresse, se converte em beleza. Beleza essa que vai além do padrão estético tradicional, aquilo que você olha, e fica sem palavras, pois não existem palavras pra definir, uso "beleza" porque não consigo achar outra no meu vocabulário. É a Primavera.

É agora que as flores começam a desabrochar, o canto dos pássaros se harmoniza com o ambiente, e o vento transporta as palavras para o coração. Pois é, o meu quintal, que parecia tão looooonge, fica bem pertinho de mim nessas horas.

E cada vez mais, cresce a minha certeza: Vai ser sempre Primavera dentro do meu quintal.

domingo, 24 de maio de 2015

O enraizamento

Aqui vai um relato franco, aberto, sem muita poesia coisas bonitas pra deixar o registro do processo aquela coisa perfeita e bonita que já sabemos que é.

Percebi que meu ultimo registro aqui se deu há muito tempo atrás, muito antes de termos algum roteiro pronto, muito menos os traços definidos dos personagens.
Hoje, estamos ha exatos 18 dias da estreia de Histórias Brincantes de Muitos Amigos, o que sinto é uma grande força no peito, uma voz que me faz todos os dias acordar cedo pensando em Tom Jobim e dormir pensando em Tom Jobim, almoçar pensando em Tom Jobim, escovar os dentes, Tom, café, Tom, escrever, Tom.

É Tom pra cá, tom pra lá, mas e aí? Quem é Tom na nossa história?

Confesso que até alguns dias atrás, nem eu sabia direito, havia uma pequena definição objetiva e singela que damos àquelas pessoas que conhecemos pouco: -Fulano é legal, extrovertido, às vezes fica meio sem graça porque é meio tímido, mas é um sujeito bacana. 
Mas e toda a sensibilidade desses grandes artistas que estamos retratando em sua fase Criança no nosso espetáculo? Não eram meras crianças, olhavam pra um mosquito de forma diferente, viam as folhas das árvores caindo e já sentiam a arte tocar o peito com alguma inspiração. Enfim, nas coisas mais simples e singelas é que se encontra o prazer de viver para Cecília, Tarsila e Tom, os ícones brasileiros que fizeram a diferença na vida de muitas pessoas no mundo todo.

Demorei, mas encontrei, achei aquele caminho que me faria se sentir mais seguro. Olhei para o todo, o processo que passamos e identifiquei: Tá tudo ai! É só aproveitar, e curtir, defender a ideia e let'go baby.

Nesse momento, estou criando raízes com o Tom, o sujeitinho que escuta um passarinho e conversa com ele, que abre os braços pra abraçar o Jereba no céu, que harmoniza tudo e pensa em forma de música, sente as batidas do coração em cada nota na partitura, respira o ar boêmio da cidade e puro da natureza, sem jogar nada fora, sem deixar nada de lado, harmonia. 

Sei que ele tá me mandando mensagens de algum lugar e elas veem nas mãos de pessoas muito especiais, nos momentos certos, nos quais estamos aprendendo a construir uma obra muito linda.




sábado, 23 de maio de 2015

O ciclo das estações

PRIMAVERA

Nessa história o ciclo inicia na primavera, a estação onde tudo se renova, os pássaros cantam em novos tons e as flores brilham novas cores. Três personagens, então velhos, relembram a sua primeira primavera juntos, aquela que compartilharam o quintal da infância brincando e aprendendo  a ser amigos. As lembranças o fazem embarcar num carrossel que os levam ao quintal da infância onde todos podem voltar a ser criança.

O menino Tom é curioso pelos sons, principalmente pelo cantar do Sabiá, ele busca mergulhando em tons graves e agudos um tom certo para sentir. Tarsila encantada pelos movimentos do Sabiá no ar corre para tentar desenha-lo e acabam brincando juntos de desenhar no céu. Durante a brincadeira corre por todos os cantos do seu quintal que tem laranjeiras, nuvens coloridas e muitas formas entranhas que circulam pela loucura de sua mente. Já Cecília é uma menina curiosa e de olhos bem abertos para abraçar o mundo. Ela quer saber se o Sabiá é mesmo sábio. No seu quintal existem muitas palavras novas, velhas e inventadas. Essa menina combinadora de palavras é tão romântica que logo se encanta por esses dois personagens que aparecem no seu quintal, Tom e Tarsila, e propõe um convite a amizade.

VERÃO

No verão tudo começa a esquentar com brincadeiras de piquenique, mergulho no rio azul e uma parada para um delicioso picolé. Está na hora de viver o mundo do "C", lá Cecília inventa uma nova combinações de palavras e cria Carolina, Tata e Tom brincam pelas colinas e os colares de Carolina. Tom apaixonado pela musicalidade das palavras que Cecília combinou e Tata eufórica pelas imagens que montou embarcam num navio em rumo a Ilha CecÍLHA. 

Esta ilha é preenchida por sentimentos que colore cada grão de areia, os sonhos são protegidos pelas guardiãs borboletas e tesouros de muitas palavras são encontrados. Minha nossa quantos sentimentos em forma de tinta para colorir cada detalhe dessa ilha, é tanta tinta, tanta tinta, tanta tinta...

É claro que logo Tarsila invocou de ser um pincel e chamou Cecília e Tom para serem suas tintas. E dessa brincadeira nasceu uma bossa e uma linda bailarina.
São muitas tintas de tantos tons que dá para colorir o mundo. É quando Tom propõe de levar todas as brincadeiras desse quintal para outros amigos em outros quintais.  Quem não tem ferramenta de pensar inventa, os três amigos inventaram um trem de sons para passear por vários quintais relembrando tudo o que viveram naquele verão.

OUTONO

Durante essa longa viagem de trem a paisagem muda, o verão começa a ir embora, o vento frio toma conta dos dias. Mas o três amigos não querem deixar para traz a alegria de viver aquele verão, juntos plantam seus sons, suas palavras e sua cores para criar raízes, crescer com galhos fortes que durem a eternidade nesse quintal chamado Brasil.

Porém  percebem que aquela semente não se transformará numa árvore de um dia para o outro. O clima e o tempo aliado com o conflito de crescer e de ver e viver o mundo diferente provocam mudanças na relação do trio de amigos, a individualidade toma conta de cada um, e o outro se torna desinteressante. Aquela amizade pura vivida intensamente no verão não existe mais. O mundo fica de cabeça para baixo, vira uma grande casa da desordem e pede outras urgências.

INVERNO

É o relógio que marca o dia e a noite nesse rigoroso inverno da vida desses três amigos. Tom, Tata e Cecília sem perceber se perderam no mundo, esqueceram seus quintais, nunca mais ouviram o canto do Sabiá, a vista perdeu as cores e acabaram sem palavras.

Mas a esperança daquela semente enfim florescer os fazem perceber o mistério sem fim dessa vida,  e voltam acreditar no equilíbrio da natureza e na pureza da amizade. Vamos voltar! Vamos voltar a ser amigos! Vamos reencontrar o nosso quintal!

PRIMAVERA

O ciclo dessa história se fecha nessa nova primavera, que será percebida somente por aqueles que também habitam o quintal da infância. Uma primavera diferente onde finos clarins soam debaixo da terra anunciando a alegria de VIVER. Essa é a estação eterna do quintal do nosso coração, porque a sua efemeridade deixa tudo mais bonito.

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Cecilha?

Quem é essa menina que pulou duma balança bem em cima do meu quintal? E ainda vem me dizer que é dela! Será que no meu quintal cabe mais um? DOIS???
Mas afinal, essa menina é comedora, combinadora, conversadora ou criadora de palavras?
Quer tentar definir até o que é amigo, isso me faz uma confusão na cabeça! Afinal, amigo a gente é ou não é, mas ninguém explica.
É, não sei bem quem ela é, mas sei que gostei desse piquenique de palavras com picolé de cores, consoantes e canções... Sabores que eu não conhecia de perto, ao menos não desse jeito.
Ah, e ela me apresentou a Carolina... A Carolina é filha do namorado da minha amiga laranjeira, o Sol, e tem as mesmas cores dele, depois de se pintar com um colar de coral.
Pensando bem, não preciso saber de tudo. Não faz tanta diferença quem essa tal Cecilia
é, afinal, somos crianças, daqui a pouco isso muda. O que importa é saber que somos amigos, e isso meu amigo, se for de verdade, nunca vai mudar!

terça-feira, 5 de maio de 2015

Histórias Brincantes de Muitos Amigos é uma história de saudade...

Num mundo onde as pessoas valorizam cada vez menos o afeto, a verdade e a amizade, estas três almas chamadas Tarsila, Tom e Cecilia brincam num quintal que queremos resgatar. Pintam, bordam, cantam e recordam numa infância que se depender de nós, permanece a vida inteira e vai além, deixando pra quem passar por este mundo depois de nós um quintal florido, cheio de música, poesia, tinta e amor!

Esperamos que todos descubram em que cantinho do coração está este quintal e que voltem a viver nele, valorizando a criança, os amigos e a arte.

segunda-feira, 2 de março de 2015

Clássicos da Mímica

Espetáculo Clássicos da Mímica apresentado por Gabriel Grimard na Cia do Abração, em 27 de fevereiro. Gabriel Grimard é pesquisador na área de mímica e clow, e contribuiu no processo de pesquisa dos novos projetos "Histórias Brincantes de Muitos Amigos" e "Kartas de Uma Boneka Viajante".



























sábado, 21 de fevereiro de 2015

O dia que fui alma.

Hoje o dia foi de muita, mas muita liberdade!

Encontrei a materialização de sentimentos que não imaginava sentir. Vi cores se transformarem, assim como meus pensamentos pintavam cada palavra no papel. Vi um Abaporu dentro de mim, renovando meu eu que entrava em mim que saía de mim e voltava pra mim. "Ao pó voltarás", lembrei dessa frase quando vi minhas mãos sujas de tinta, um vermelho bordô, quase terra, daquelas bem fortes que pigmentam os pés e ficam impregnadas no corpo.

Isso tudo, causado pelo poder da tinta, papel, e energias armazenadas que impulsionaram o processo de criação em 300%.

Vagando de quintal pra quintal, percebi o quanto fica em mim o que era do outro e o quanto do outro ficou pra mim. De novo, uma troca que contribui para a minha formação individual, mas sempre coletiva. Então, por que não juntar os trabalhos? Cada mãozinha colaborou do seu jeito, da sua cor, do seu tom, formando um mesmo pulso. A tinta vermelha jorrando em nossas mãos virou algo ancestral, uma representação artística dos nossos corações amassando, torcendo cada artéria, para doar mais um pouco de nós para a arte, ao teatro, feito para crianças de todas as idades. Essas mãos todas, viraram uma juba de Leão, o animal Rei da Selva, aquele que tem o rugido feroz e assustador, mas que cativa a todos com sua graça e beleza sedutora.

No outro Quintal, já nos transformamos em Roda, ói - ói - io - io, era minha poesia, no meio de um bando de seres, entidades, pincéis de Kandisnky, dançamos, deitamos, pulamos, gritamos e nos desprendemos de qualquer amarra, éramos livres! A roda nos trouxe pro centro de nós mesmos, um chafariz de Azul com branco, uma misticidade atrelada aos nossos espíritos nos levou a outro estágio, o SER ARTE.

No Quintal da Fé eu vi a sabedoria do renascimento, a tinta amarela que a Kamila usou me cativou imensamente, uma força impressionante. Destacando um momento na qual ela trouxe a tinta em suas mãos e lavava seu rosto. Uma imagem próxima de uma luz se alimentando de energia para transmitir aos seus amigos depois. Meu Índio interior, ou a minha entidade, seja lá o que for, ficou impressionado com tamanha energia amarela! Era o sol! Era Tupã.
A partir desse quintal me senti alimentado para prosseguir na busca.  Foi quando vi um Quintal delicado, dodói, com pequenas e GRANDES palavras, de solidão, de amor, de deslocamento.
Era o Quintal de Cecília, ou de Juliana? Não importa, estavam todos ali. Senti que as dores, representadas por palavras engraçadas, como Unha, Alicate, Band-Aid, me fizeram equilibrar e canalizar toda a anergia de uma criança ansiosa. A dor para a criança é um estágio difícil, que muitos de nós temos dificuldade de entende-las e facilidade em ignorar, mas um choro de machucado no joelho pode não ser só isso, as vezes temos dores do silencio. Dor em ver partir uma borboleta, a Joaninha que explorou minhas mãos como se fossem montanhas, Amigos, Família, memórias.
No entanto, esse quintal foi tomado por uma forte alegria, senti que saímos DALI (Salve, Salvador Dali) bem felizes por compartilhar das dores e fraternidade.
O Meu quintal inicial já estava uma bagunça, eu nem me sentia mais dele, todo mundo passou por lá e o deixou do avesso, Eu lembro que desenhei um olho na palavra SábiO, a palavra que deu o estarte para o trabalho, e de repente ele já era uma bola de tinta nos papéis. Será que dá pra esquecer um quintal assim? Sem se apegar? Talvez sim, mas de qualquer forma, aquela poesia foi a primeira, e dela não posso esquecer, pois inventei uma palavra nova, Sábadocicar, uma mistura de Sábado com Sábio com Adocicar, que deixa o dia melhor.

Fomos pro último Quintal, o do velho bagunceiro com alma de criança que nega tudo mas que brinca com todos, ufa. O escritor, personagem da outra história, já era uma misturança de coisas, um indiozinho carrancudo e traiçoeiro, com o qual criei uma grande amizade. Parecia que  havia sentido aquilo senti ao conhece-lo primeiramente, de que éramos amigos ha muito tempo. Foi divertido brincar no quintal dele, onde fortalecemos uma relação de energia que está em fase de desenvolvimento.

Após essa transitoriedade nos quintais, voltamos de fato aos quintais iniciais. Estava mais diferente de quando voltei o visitei pela primeira vez. Mudou tudo, mesmo. Era tudo preto (quando as cores se misturam, elas ficam todas pretas e o mais legal é ver como elas passam por uma metamorfose, a cada palmada, a cada tapa, a cada tombo, a cada toque, a cada derramamento de sangue artístico). Ao mesmo tempo que era um preto cheio de histórias, era uma solidão, um corte no cordão umbilical, senti que as experiencias foram embora e já era tarde a hora de deixá-las irem. E foram. Antigamente...
ANTIGA
M ENTE
poxa, já é hora de lembrar? Já é hora de pensar que foi tudo antigo?
E foi assim que fiquei ali, sentado, sentindo o frio da solidão. Cobri-me com um papel amarelo, a cor do grande sábio que também se foi. Anoiteceu. Encontrei uma companhia, uma boneca com cara quadrada e corpo de cilindro, ela meio que não gostava de rebolar.

Nos desfazendo desses quintais, era hora de começar algo novo, fomos para a limpeza, puxa aqui, estica lá, rasga acolá, amassa pra cá. Papéis, tintas, carimbos, cores, formas, sons, sabores, cheiros, éramos uma sopa de Jackson Pollock. Quando TUDO se mistura mesmo, TUDO que aconteceu, TODOS os sentimentos, indo como um grande descarte que não se joga fora, um DESCARTE que FICA. E ficou, comecei a trilhar um novo caminho no meio de tanta bola de coisas.
"Cansei, te alcancei, cansei, te alcancei, cansei, te alcancei" Essa brincadeira surgiu quando o garoto índio Blas me perseguiu durante o trajeto, e foi engraçado, formamos uma dupla, que nunca cansa! Começamos a limpar tudo com um grande Rio Azul de Papel, com grandes ondas levava toda "sujeira". Uma sinfonia tocou no meu ouvido de Tom naquela hora. "É o pé, é o chão, é a marcha estradeira/Passarinho na mão, pedra de atiradeira/É uma ave no céu, é uma ave no chão/É um regato, é uma fonte, é um pedaço de pão." (...)

Pela primeira vez, após a experiencia do dia anterior (na qual havia encontrado um estado brincante), me SENTI ARTE, foi onde entendi o nosso ofício, Fazer Arte apenas, não é SER, quando abrimos mão dos nossos obstáculos cotidianos, abrimos uma porta imensa de um quintal gigantesco chamado NÓS, descobrimos os mistérios que envolvem a nossa ancestralidade. Criamos um laço de união forte, de grupo que pensa junto, de mãos que se encontram e se agarram para segurar o outro, uma conexão de terra e raiz, em que qualquer temporal pode passar, nós estaremos lá, firmes e fortes, unidos. O que antes era utópico ou muito difícil de entender, ali se concretizou, um grupo forte que tem muito que aprender juntos, mas que estará sempre assim, de verdade.

Após a experiencia veio uma pergunta:
Como eram os homens das cavernas?
Felizes. Eu acho.


sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Manoel de Barros e as borboletas

Retrato do artista quando coisa

A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.

Plantando flores em quintais










Você cuida bem do seu quintal?

Não sei se você sabe, mas só quintais bem cuidados tem joaninhas. Acho que é porque elas gostam de flores e de terra fresquinha.
Meu quintal tinha cheiro de terra molhada e sabor de chocolate, haha. Era daqueles com joaninhas de todas as cores existentes: azul avermelhado, roxo alaranjado, verde amarelado e cor-de-rosa esbranquiçado... Nem que pra isso eu tivesse que misturar as guaches na tampinha!
Mas na verdade, meu quintal tinha muitos sabores... Um mais gostoso que o outro! Tinha gosto de chá mate melado da vovó, gosto de barro, de areia, de unha, de flor de trevo, e de laranja (o meu favorito), além do gosto de chocolate, e de cobertura de bolo de chocolate raspado da panela...
E meu quintal também tinha muitos rostos... O do meu pai, da mamãe, da vó Cecília, do vô Lindomar (e deve ser lindo mesmo o mar onde ele nasceu, na Itália), e os rostos da Jenifer, da Yndyanara, da Agatha, da Juliane, da professora Sabrina...
Meu quintal era mesmo muito divertido, apesar de pouco frequentado.
Eu às vezes me pego pensando nele... Será que ainda cuido do meu quintal? Será que posso voltar lá? Será que o mato já não cobriu o caminho? Bem, mesmo entre todas estas dúvidas, eu tenho uma certeza: quero ajudar a regar as flores dos quintais das crianças que vem ver o meu!


1...2...3...E...

#19-02
Abriu o portão do quintal! Tudo que ficou, ficou.  O que virá, eu não sei, só sei que to brincando!
A partir do nosso quintal, descobrimos até onde nossos quintais se unem e como as nossas brincadeiras aparecem, nos apropriamos delas e as transformamos num grande carrossel de papel.
Uma entidade se construiu, o Dom Quixote Napoleônico que andava a partir dos meus rasgos e costuras super complexas e coloridas. Fiz uma cirurgia no pé dele, foi aí que percebi o quão fracote era, se machucava fácil, a roupa já se dobrava com um assopro. Ele precisava de uma espada! Mas uma espada não é suficiente contra um calorão brasileiro, meu amigo colocou um leque na ponta da espada pra ele se abanar, ficou boa a engenhoca.

O desafio seguinte era aterrorizante, montar a Cuca. ai que Quebra-Cuca. Quem é ela? Só conheço na forma de crocodilo, (a qual nunca tive medo, por isso era uma vilã sem graça) Mas uma coisa me atraía em sua personalidade: a "marrentisse". Mal percebi e ela estava quase comendo minha mão, Oh sim! Eu estava segurando sua cabeça, ela dizia "Me devolve pro meu corpo seu babaca, você tá me machucando, anda, menino besta" Aí sim, quando ela finalmente chegou no seu corpo (o qual cada amigo segurava uma parte, igual quebra cabeça, a qual eu quase quebrei mesmo), ela se sentiu poderosa, danada, quando o público a elogiava, ficava toda pomposa, ela virou até bailarina. Achei tão engraçada e maneira como ela se sentiu, pela primeira vez, se sentiu bela.

Mas a cuca tinha que ir pra casa, não gosta muito de tanta gente pegando nela. Fomos para outro lugar, passamos por uma chuva de palavras, a cada pa la vra caindo no chão uma coisa nova se transformava, foi assim que paramos numa praia com cara de interior, tipo Praia do Espelho. Mas o por-do-sol chegou rápido na praia, fomos descansar. 

Nasceu um novo dia, um novo sol, e é dia de trabalhar. Seres maquinados em sua rotina que brincam de vazio. De repente eu vi tudo cinza, meu mundo cheirava pó, automático. Ainda bem que o Sol se pôs de novo, deu pra relaxar um pouco. 

Lá no fundo vimos um Trem surgir. Ele nos levou numa viagem até uma pequena cidade em que encontramos algumas Marias muito atenciosas. A cidade era pacata, mas tinha muita coisa pra se explorar. Inventei meu quintal lá dentro, aqueles pedacinhos de papel do Napoleão voltaram, mas sua roupa ficou presa na parede, D. Quixote não queria carregar muito peso. Construí um furacão de água, saindo do fundo do mar. No céu as nuvens se encontravam com o avião e o tornado, que virou, pelos meus amigos, um foguete, aliás, o lançamento de um foguete. Mas tava na hora de brincar no quintal dos meus amigos, lá fomos nós.

1....2....3...E.... JÁ!
Abriu-se o portão e fomos com toda sede de brincar do mundo, os segundos que antecedem uma maratona, a ultrapassagem de carros de fórmula 1 na última volta, a abertura das cortinas no teatro, mergulhar num rio diferente, os segundos que antecedem o lançamento de um foguete.
Meu foguete foi pra outro planeta, várias vezes, e até agora eu me pergunto, porquê? 



Dia #06 03-02-15

Um Abração de bom dia! O afeto de uma amiga que ainda tenho muitos passos para caminhar ao lado.
"Um abraço apertado no amigo, d[a outro sentido pro dia"*, foi quase um sussurro da Mirandinha no meu ouvido.
Poesia e mais poesia, cada palavra revigora um impulso criador. As experiências dos amigos encontrando a caminho, está no pacote (sem rótulo) dos relatos de um dia de trabalho. Partimos para  a ação, e agir é pensar, sentir, ler poesia, ouvir música, ler cartas...
Uma carta para o amigo dá outro sentido pra vida.

- Voltamos a brincar, bunda com bunda, 5 corpos ocupam o mesmo espaço SIM! Corpos criativos, fortes e presentes.

- Mais um passo foi dado nos novos caminhos de experimentação.
PS: Foi uma árvore estilizada, o toque dos galhos no rosto da menina, foi movido à muita Luz do Sol e Calor, que move os organismos, até mesmo uma árvore.

*Texto da personagem Mirandinha do espetáculo O Trenzinho do Caipira.

PRIMAVERA



No primeiro raio de sol da manhã nos encontramos para mais um dia de criação e experimentação. Através de uma crônica de Cecilia trazida por Juliana, descobrimos detalhes minuciosos de muitas primaveras. 
A luz do sol transpassou nossas janelas e paredes e entrou na nossa sala de ensaio. 
Ao som de Aquarela de Toquinho, sugerida por Karin, começamos a nos alongar, o alongamento se tornou uma brincadeira. Pedaços de uma flor murcha embarcou num grande vendaval de assopro que o levou a outro mundo chamado folha de papel, dirigido pelo carteiro de bonecas. Quando vimos estávamos em roda brincando de bolinhas e peteca. 
Era como se o ultimo gelo se derretesse e um perfume começasse a exalar por toda a sala. 
O quintal chegou num tom azul turquesa, em som de clarins e em uma palavra - primavera.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

O início

O primeiro dia foi de muitas lembranças. A música "Bola de meia, Bola de Gude" que foi declamada como um lindo poema me trouxe aquela vontade de ACREDITAR,
Acreditar naquela história bonita que a mãe conta antes de dormir ou aquela história de terror que seus amigos te contam para te assustar. Em acreditar nas pessoas, nas amizades, no amor,..., no mundo!
Muitos sentimentos bons chegaram e começaram a agitar minha mente, logo tudo foi transferido para o meu corpo, ativando todos os músculos fui me enchendo de brincadeira.
No álbum de fotos que a Karin trouxe, minha história foi se misturando com a dela. 
A cada foto muito detalhes e em cada detalhe muitas lembranças. Lá iniciou nosso círculo de PRIMAVELHA!!!!
Assim que fomos sozinhos para o nosso quintal não sabia o que fazer, então reli minhas anotações e pesquisas sobre Cecília e fui criando uma pequena célula que se misturou comigo e com minha infância. Essa célula mostrou uma pontinha do nosso/meu quintal.

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Um dia de chuva em minha infância!!!

Quando o céu amanhecia chuvoso era certo que não poderia jogar futebol na rua, ir à piscina, subir em árvores ou andar de bicicleta, como faria num dia ensolarado. Para a maioria das crianças um dia chuvoso representava um dia inacabado de espera ou um dia perdido. 
Mas para mim nunca foi. 
Na rua da minha casa sempre teve muitas crianças, eram sempre umas dez brincando o dia inteiro. Tinham os mais velhos e os mais novos. Costumávamos nos encontrar na esquina da minha casa para iniciar a maratona de brincadeiras. Entretanto no dia chuvoooso e tenebrooooso...Era o dia de encontro lá dentro da minha casa!
O espaço era a “salona” um lugar que tinha um piso de madeira liso, um banheiro com pia de cobre (que naquela época falávamos que era ouro) e fazia um eco tremendo, pois não tinha móveis, a única coisa que tinha era um som de fita cassete e vinil. Nesta sala escutávamos aqueles vinis de historias e quando cansávamos era o momento de gravarmos a “Rádio Abobrinha” – não me lembro ao certo o que dizíamos nessa rádio e nem sei com quem ficou as fitas cassetes com a gravação completa de todos os episódios do programa.
O que me lembro de fato é que eu (como a caçula do grupo) tinha uma única função: falar “EPISODIO” e seu respectivo numero. Nesta época eu devia ter uns 6 ou 7 anos e os mais velhos uns 13 anos. A primeira vez que fui executar a função que a mim foi confiada estava nervosa, ensaiei uma voz, mas me esqueci de perguntar uma coisa fundamental – O que era episodio? E se dizia ePisodio ou eBisodio? Como todo mundo falava muito rápido eu resolvi não perguntar e falei do jeito que eu achava que era certo, então saiu de minha boca um tremendo “EBISÓDIO 1 – RADIO ABOBRINHA”, todos começaram a rir e eu não entendi o porquê, e isso se repetia em todos os outros EBiSÓDIOS que eu falava, só depois de muito tempo fui descobrir o porque de tanto riso...e assim também me explicaram o que significava esse tal palavrão - episodio.
Quando a chuva parava ou diminuía, era o momento mais esperado, todos corriam pegar suas bicicletas (quem não tinha ia na garupa ou acompanhava a pé). As meninas pegavam a sua Barbie, quem tinha mais de uma emprestava para os meninos (com algumas ressalvas que depois explico quais eram) 
 Era o momento do grande rally. 
Atrás da minha casa tinha uma plantação de soja muito grande e no meio tinha umas trilhas de barro que ficavam todas cheias de poças. Lá passávamos com a bicicleta para jogar lama propositalmente nos outros, as Barbies faziam daquelas poças lameadas suas piscinas e lá ficávamos até entardecer.
Ah! Lembram das ressalvas que as meninas faziam quando emprestavam suas Barbies para os meninos? Eram as seguintes:
1 – devolve-las inteiras.
2- lava-las depois, principalmente o cabelo.
3 – pentear o cabelo.
4 –  devolve-las cheirosas.

Todo esse procedimento acontecia na torneira do lado de fora da minha casa.

sábado, 31 de janeiro de 2015

Fábio, o menino que não sabia afoviar


Fábio sabia que o sabiá sabia assoviar,
Sabia também, que o F era diferente de S e que S tinha som de Z
Mas de que importa tudo ifo se era engrafado?
Quando falava, Fábio fabia que falar o F com Fom de S (ler F)  poderia foar eftranho.

Um dia, Fábio decidiu participar de um campeonato de assovio.
Mas acabou perdendo, pois os meninos todos, sabiam o som que tinha o sabiá,
eram todos meio sábios.
Menos Fábio que não falava direito com os sábios.

- Afinal de contas, qual é seu nome menino estranho? - Perguntou um dos meninos competidores.
- É F-f-ábio.

E todos riram de Fábio,
menos o sabiá, que vendo a tristeza do menino tentando com ele se comunicar
se aproximou 
e num canto profundo,
conversou com o Fábio.

- Qual é o seu medo menino? - Perguntou o Sabiá.
- É o fom, todof of outrof meninof fabem o tom.
- Mas de todos os sons, você só conhece um?
- Fó, maf eu fei que of Fábiof conhefem muitof fonf.
- E porque você não é Sábio?
- Por que eu fou Fábio.
- Já ouvi dizer que muitos Fábios são Sábios.
- Fábios não podem ser Sábios. Afirmou, já meio irritado, o garoto.

-Tem certeza? - Insistiu o Sabiá.
- Tenho, SSSSSábios não são Fábios!
Fábios não podem ser SSSSSá….

- Sabia que o sabia sabia assobiar menino Sábio? - Perguntou o Sabiá.
- SSSSSSABIA!!!!
E num grande salto de alegria, o menino saiu cantando por todos os lados!

Assobiando e Assoviando, Seja com F ou S, o Som estava sempre lá, Sábio, no canto de Fábio.

Fim

Nossa diretora disse que somos todos doidos. Somos meninos maluquinhos.

Edgard Assumpção